mardi 26 septembre 2017

A obra de arte, esta invenção humana tornou-se uma fraude


Claro que há uma provocação por trás deste título. Digamos simplesmente que, sempre com o intuito de enriquecer, a obra de arte não é mais concebida pelas mesmas razões pela qual foi inventada há uns séculos atrás. As obras de arte foram concebidas para serem acessíveis para um número significativo da população. Para aqueles que não sabiam ler, xilografias foram divulgadas, a partir do início do século XV, na época do nascimento da impressora, com o objetivo de expandir as lendas pagãs ou a palavra bíblica. E quando se tratava de uma obra única, uma escultura ou um afresco, ela ficava à disposição de todos em um lugar público ou religioso, onde cada um encontrava, lá, o reconforto para uma vida difícil. Mais tarde, os romanos, as novidades, as ideias das « luzes » (Voltaire), as bíblias, eram produzidas em grande quantidade para atingir o máximo de pessoas. Quanto ao entretenimento, os teatros eram acessíveis pelos balcões sem que fosse pedido em troca nem sequer uma bagatela. E as trupes de teatro iam de vilarejo em vilarejo, assim como os trovadores e os músicos, divulgando suas músicas e seus textos frequentemente contra os burgueses. 


Quando Rembrandt Van Ryn- retrato acima- (1601 – 1669) criava uma obra importante, ele mandava imprimir exemplares em gravuras para que sua expressão artística fosse reconhecida (ao lado). Resumindo, alguns séculos depois, nos encontramos no extremo oposto, e mesmo Warhol e seus múltiplos nunca tiveram a ideia de denunciar este paradoxo. Muito pelo contrário! Os únicos que o fizeram foram os artistas populares, multiplicando as pinturas e esculturas demostrando seus cotidianos de uma maneira incalculável. Sem assinatura. E se houvesse um carimbo que levasse o nome do artista, eles o emprestavam uns aos outros. Eis aqui um assunto que merece um livro de 500 páginas, ou, como neste caso, opostamente, umas dez linhas. E confesso, na verdade, que o blog “Arte e música popular como desculpa” surgiu a partir desta reflexão. A obra de arte, destinada a educar, está resumida por diversos motivos (é o assunto das 500 páginas), talvez ela não seja uma fraude (aliás, não foi) mas não tem mais nada a ver com seu intuito inicial! Ele se tornou um objeto de investimento da possessão humana. Mas, por sinal, não se trata do assunto da primeira postagem deste blog? A Possessão?

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