jeudi 22 octobre 2020

Jeff Lynne: o dom de saber onde começa o kitch para evita-lo



Boris Casoy, como outros "informantes", as informações" em duas velocidades" há décadas (ph. Internet)

 Ah, aquele famoso “jornalista crítico artístico”!! Nem quis mencionar especialistas em outros assuntos, digamos mais sérios, especialistas políticos ou judiciais. No Brasil, já faz décadas que eles desenvolveram um método exclusivo de processamento de informações. Jornalistas renomados contam um fato diante da câmera. Naquele momento, é ainda a 'notícia' objetiva, o fato sem emoção, enfim, o que o profissional transmite bem na cara do telespectador, sem um tremor que traísse um arrepio de humanidade.
É com essa câmera que fica à sua frente que ele se comunica, como acontece diariamente no Norte da Europa. Só que, de repente, uma outra dessas máquinas, que sutilmente se aproximou a 90 ° do profissional dos eventos alegres de nosso do belo mundo - e que ninguém suspeitou, - exceto o locutor -, desempenha um papel que destrói as atas de notícias neutras anunciadas anteriormente. Esta câmera parece mais íntima que a anterior. Ela é a confidente a quem o mestre de cerimônias dá sua opinião despojada, que sua longa profissão supostamente lhe concede como a credibilidade de trinta ou quarenta anos de trabalho. Ja não tem mais fatos, mas respostas dum inquérito que nem começou. Você está tendo problemas para me seguir? Imagine que um Boris Casoy (exemplo) anuncia que o orçamento da educação do país este ano foi mal avaliado, deixando os fundos vazios 6 meses antes do previsto. De repente, ele se vira para a câmera cúmplice, com olhar conhecedor e a voz que não esconde suspeitas, indicando ao cidadão que é isso que acontece quando os homens de poder confundem os bolsos do Estado, e os de seus ternos de três peças.
Admito que fiquei de queixo caído para acreditar nesse método há muitos anos, mas como tudo, e com o tempo, a gente não se surpreende mais. Bom, vamos em frente... Como disse, odeio esses termos: "Crítica de arte". Você nunca vai ouvi-los sair da minha boca (o que é quase tão sensual quanto Elvis conseguiu levantar o lábio superior esquerdo. Eu odeio aquele cara do Tupelo!). A expressão "colunista artístico" é muito mais adequada, enquanto o "jornalista crítico", faz exatamente o contrário do que se imagina, ser o jornalista imparcial.

Os países do sul, onde a personalidade humana é mais emocional, têm dificuldade em dar um fato, com o máximo de detalhes possíveis, em um mínimo de tempo. Por outro lado, compreenderemos que nunca pediremos ao “cronista artístico” (sim, ao “crítico artístico”) que seja objetivo, bem pelo contrário. E se houver um indício de controvérsia, fecharemos os olhos. Conclusão trivial: existem vários jornalismos. Eu sei, é um clichê que tenho vergonha de lembrar, mas de fato, não são os mesmos empregos.
A internet foi uma virada de jogo, como se sabe, já que qualquer um pode blogar e dar sua opinião (e há alguns excelentes!), Mas se os bons salários dessa nobre profissão, o jornalismo,  são lembranças antigas, mas sempre fui confiante em seu futuro. A multidão das criações, a soma da questão artística sendo - sim, sempre através da rede - incomensurável, o jornalista voltará para você a seu pedido, uma vez que a cultura não vem mais em seu meio audiovisual ou televisual, mas é preciso você e eu procura-lá e é aconselhável não ser preguiçoso, se a qualidade tem ainda um significado para o consumidor. Podemos esperar que o cidadão precisa de alguns guias para mostrar qual caminho seguir na direção que vocês buscam.

Veja meu exemplo: estou na melhor posição para falar com base em minha humilde experiência. Eu participei de uma revista famosa quando tinha 19 anos. Mas o que eu sabia aos 19 anos? O que eu estava ouvindo?
Felizmente, as gravadoras costumavam fornecer um monte de pastas e documentações, então nada escapou da minha atenção. Nisso eu já fui manipulado. Na verdade, nesta idade, era mais uma ajuda preciosa que poderia ter me pago a vergonha, porque estava mal informado.
Não ! O caminho a seguir é o seguinte. Ouvimos o disco, colocamos na discografia do artista, colocamos o artista e sua importância em seu nicho, colocamos o nicho em todas as centenas de gêneros ou subgêneros que a música popular nos oferece ( e que deveríamos antes conhecer bem, portanto ter ouvido), comparamos com o seu trabalho e o dos outros (e estou resumindo), e então sim, podemos arriscar dar uma opinião que pode ser pessoal, mas que se baseia em uma credibilidade de milhares de horas de audição, leituras (ou de inúmeros shows vistos). Mas aos 19 anos ... Francamente! Sejam sérios !! Por mais apaixonado você se mostra, falta ao amante a experiênça de vida, nada mais normal. 

Após 10 anos de música inglesa (UK, US), ou de língua francesa, seguiu dez anos de paixão e estudos sobre a MP brasileira e não faz muito tempo, tive que perceber que era mais a minha prosa, que havia sido aprimorada entre 1982 e 1992, do que o meu conhecimento da musica além da "Albion" (outro jeito de chamar a Inglaterra), quando falava da banda Sister of Mercy ou do mal estar existêncial de Ian Curtis de Joy Division
E até hoje, à medida que volto mais ao meu continente, meu conhecimento da música brasileira é muito superior. Por quê ? Em 1993, eu era 10 anos mais velho, e o que eu achava que sabia sobre minhas bandas ou artistas favoritos da minha adolescência sofreu com o que se chama a falta duma certa experiência vivida. O que ja signifiquei anteriormente.
Eu, Daniel, um formador de opinião, que pensava saber quase tudo sobre os Beatles, Queen, Bowie, Roxy Music, Curtis Mayfield, Motown, Marvin Gaye e assim por diante, percebi minhas deficiências abismais.
Hoje, com base nas minhas experiências, na minha paixão, nas minhas pesquisas e nos trabalhos que engulo em doses de 300 páginas diárias. Atrevo-me a dizer que fui um pouco trapaceiro?
Nosso conhecimento da obra dos Beatles é distorcido a uma extensão inimaginável. Ainda estou aprendendo sobre Paul, John, George e Ringo hoje...ou até Bowie do qual fui "presidente" do fã clube entre 79 e 82 na Bélgica (neste momento essa revelação desaparece de sua cabeça !!) Enfim, concluindo, um colunista musical ou artístico deve ter uma formação sólida. Se ele tem 30 anos ou 35, é o mínimo. E se ele tiver a sorte de ter noções musicais, como fundamentos de harmonia, composições, técnicas de estúdio, "dicas" para seduzir o amador mais sofisticado, esse é o melhor! Quis ter essas noçoes que antes de escrever ou passar nas ondas, eu também queria que as mulheres rasgassem minha camisa depois de fazer um riff bestial com minha Gibson, minha Les Paul ou minha Rickenbacker (antes de perceber que mais talentosos estariam na minha frente na fila !). Porque... Não! Não acredito na frase mil vezes ouvida “Nunca acreditei que este título fosse um sucesso, foi uma surpresa além das minhas expectativas”. Existe uma maneira de driblar os ouvidos com sequências de acordes que foram usadas milhares de vezes. Pergunte a Nile Rodgers, Ivan Lins ou Jeff Lynne, ou aos reis dos "riffs" como Dave Davies ou Keith Richards. Essa é a única coisa que posso perceber lendo meus colegas, mesmo melhores e sabidos do que eu. Eles caem nessas armadilhas, como quando você derrama uma lágrima, ao acaso, enquanto assiste a um filme romântico americano estrelado por Jennifer Lopez e Nick Nolte (exemplos, de novo) , isso mesmo blindados! Sim, vocês v
ão derramar essa lágrima! Porque a trilha sonora impõe isso a vocês, e so porque o astuto produtor o quis!

Se mencionei Jeff Lynne (até que enfim!), o brilhante compositor / produtor / cantor / músico, é que naquela época ele manipulava com elegância (e ousadia) todos os ingredientes que uma  "Escort girl" musical poderia usar para ser irresistível como um bolo feito de morango e chocolate, com a proeza de n
ão engordar...Quis dizer seduzir sem parecer vulgar. Não é gula, é gastronomia! . Existe uma receita para isso: mergulhe de cabeça na sedução, sem vergonha, e não brinque com armas pequenas. Ou você está morto! O que poderia ser mais kitsch do que misturar Chuck Berry e Beethoven, e isso em 7 minutos !! Só a ideia nos deixa nauseado.

Dave Davies (The Kinks), precursor dos riffs mortais, chave para o sucesso quase garantido? ("You Really Got me now", ou "All the Day and All of the Night")


Mas com Jeff e seu visual de cachorro molhado, tocamos mais uma vez a faixa na vitrola, sem vergonha, recolocando "Evil Woman", com esses três acordes de piano que não se aguentam mais, nem de longe, por terem sido usados demais em tantos "hits".
Foi pecado amar o Electric Light Orchestra quando rezamos ao mesmo tempo na capela de “Seveteen seconds“ de The Cure, ou quando para nos absolvermos das nossas fraquezas, ouvimos três“ Love will tear us apart ”e dois“ Hong Kong garden ” de Siouxsie and the Banshees, nas igrejas, que eram o santo Marquee ou O Clube 100 de Soho (famosa casa de show de Londres).

Por trás desses cabelos e desses óculos, esconde-se um mago da composição katchy e um produtor solicitado: Jeff Lynne. Mas é claro que havia mais do que isso. O cara sabia como usar compressores maravilhosamente em sua voz, que fazia malabarismos com harmonias vocais herdados dos Beatles ou dos Beach Boys, usando todos os efeitos técnicos para obter uma bateria mais pesada do que John Bonham (Led Zep), e riffs usados e abusados demais que eram simplerrimos para serem honestos ou genuinos ("Showdown", "Do ya", "Ma ma ma belle", e assim por diante). 

                           Paul Mc Cartney e Jeff Lynne, na época de "Anthology" (1998)

Como disse o artista, o que parece trabalhoso está fadado ao fracasso (à sua maneira), e o que nem é preciso dizer leva horas de pesquisa em seu saco de truques. Ouça os discos "A New World Record" (1976), "Out of the blue" (1977) ou "Discovery" (1979). Estude e entenda todos os ganchos, e você terá os ingredientes para a receita.
John Lennon indicou Jeff Lynne como o filho digno dos Beatles. E Paul, outro malandro gênial, legal e incrível, estava licitando dizendo, "o que você quer, você ouve uma faixa do Jeff Lynne, e você não pode lutar ... Funciona!" (como o filme americano)!
E se Jeff nao tem o visual de Slash ou de Iggy Pop, ele nao se incomodou a usar um simbolo duvidoso. Quantas bandas teriam quebrado seus dentes com tal emblema digno dos piores grupos de disco americano com esse circo voador beirando o ridículo? Todas!
Todas mas não Jeff Lynne de Birmingham, porque, como dizia, quando tem que jogar, é com fê! Assim o brinquedo nem era assunto de piada, que a gente foi os primeiros a embarcar. no navio celestial.
Em 1980, depois a sucessao dos discos citados, ele deixou as cordas e violoncelos, presenteou “All over the world” para Olivia Newton John (e Amaury Jr, sem querer), e se fundiu em um pop, que não conseguiu ter o brilho dos anos anteriores.
"Zoom" em 2001 é ainda um bom disco, mas o homem já tinha feito o seu trabalho.
Apenas Jobim, Lennon-McCartney, Miles Davies, Stevie Wonder ou Bowie não poderiam somente ter recorrido a essas armadilhas maliciosas, tao abertamente, embrulhando as musicas numa aproximação artistica, o mínimo que seria de esperar, falando de alienígenas.
O Jeff Lynne nao pode ser um "artista" no mesmo sentido, mas é um perfeito artis
ão, acima da multidão.


Jeff Lynne, a Traveling Wilbury's, com George Harrison, Roy Orbinson,
e Tom Petty (falta o Bob Dylan na foto)


Seja como for ... autocentrado, Bowie plagiou a si mesmo, e McCartney continuará sendo o druida que ressuscitará sempre quando temia que a hora de fechar a tumba chegava (ninguém comento mas "Egypt Station" do Paul em 2019, foi um dos melhores discos pop daquele ano!).
Ao revisitar o trabalho de Electric Light Orchestra, também comecei a ouvir The Traveling Wilburys, a "super banda" que nasceu duma piada, com Bob Dylan, Roy Orbinson, Tom Petty, George Harrisson e ele, Jeff.

"Handle with care" é uma cançao pop que vale sozinha as fraquezas dum álbum francamente mediano, exceto a voz divina de Orbinson, e quanto aos últimos discos nascidos do Jeff Lynne's Electric Light Orchestra (assim assinava ultimamente), "Alone in the universe" (2012) e "Out of Nowhere" (2019), apesar da boa crítica geral, é fraco, mas tenho a certeza que o artista o sabe. Ele lotou em 2017 o Central Park, e mais tarde, Wembley, sempre em Londres com 70.000 espectadores, em 2018, e poderia ter feito isso novamente no dia seguinte.
O pior é que o cara é muito simples, e de uma franqueza comovente, quando conta como conheceu George Harrisson, um dos "fab four", que ele vai produzir para "Cloud nine"(1989), seu melhor álbum depois "All Thing must past" (71); ou quando Mac Cartney o deixa mixar "Free as a bird", a demo que ficou nas gavetas de Yoko Ono. Ele não finge estar maravilhado e reage como um fã de olhos brilhantes, de ser parceiro dos seus idolos, não se esquecendo de salvar Harrisson da deriva, produzir Mc Cartney, ou compor para a antiga lenda Cliff Richard; trazer à tona Tom Petty de anos menos gloriosos; ou enfim dar uma nova vida a Roy Orbinson, com a travessura de um produtor discreto e silencioso, fazendo acreditar que a ideia nasceu na mente do seu atual protegido.

Um sonho acorrdado para usar as palavras de Jeff Lynne. Substituir John Lennon na foto, e ser o quarto Beatles, com Paul, George, e Ringo (1998)

Jeff Lynne tem so um grande problema. Ser letrista é um momento que ele faz a contra gosto. Não gosta de botar letras tristes, e so sabe escrever coisas positivas. O que é quase um fato único no clima de crise sem-fim que seja amoroso ou dum outro tipo. Jeff Lynne criou um Disneyland musical, e sei que se quisesse, ele poderia aplicar-se e lançar-nos um disco alegre como um arco iris, que é o seu mundo, que gostamos de cantar, porque ele admite que tem dificuldade, mesmo se esforçando, em descrever situações dramáticas.
Mc Cartney foi enforcado em 1976 com "Silly Love Songs", mas era Paul quem estava certo.
 

Jeff nos apresenta uma música como se apresentasse uma mulher sedutora, e sexy demais (como Rita Hayworth "power ten"), nos dizendo que o tempo fora está bom, que nenhuma nuvem aparece no horizonte, e é "Mr Blue Sky ”,“ Senhor bom tempo ”, que terá que ceder à noite antes de voltar”… Sim, é tudo! E esse continua sendo o título que associamos a ele com razão ... O que dizer depois disso. É uma vida que você não quer perder (“Living Thing”), quando aquela que assombra sua mente (“Can't get it out of my head”), deixa o lugar para aquela que vai trazer um pouco de amor na sua vida (“ Shine a little love for my life ”). Pois como ele disse: "Acabei de ouvir no rádio,:vai haver uma grande festa no mundo inteiro ("All over The World") ... Então vamos nessa Jeff, você não está sozinho como cantava Jacques Brel, e vão ser presentes 70.000 fãs de novo, onde você quiser, para reunir mais uma vez Beethoven e Chuck Berry!

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