Joe Jackson deveria estar além de qualquer opinião de críticos musicais. E isto, mesmo se sua obra, até agora, não está isenta de pontos fracos, longe disso.
Personagem inteligente, pianista virtuoso, ele conseguiu se infiltrar no cenário punk (que ele nunca foi), com dois dos melhores álbuns de 1979 («Look sharp » e « I’m the man »), carregado de energia contagiante, mas também, com, aqui e ali, melodias tocantes (Different for girls, Is she really going out with him ?, Fools in Love) ; um artista que, sentindo os limites do gênero (“Beat Crazy” – 1980), fez uma curva de 180 graus com o irresistível “Jumping Jive”, concebido em torno da sua paixão pelo jazz e pelos Bigs bands. O Jazz de « Jumping Jive » (covers) surpreendeu muitos, antes de começar seu álbum definitivo, “Night & Day” (1982), um disco sem guitarra, mas dominado pelas percussões latinas e pelo piano (cosmopolita como pode ser Nova York, onde, então, morava Joe), e um álbum que o levou em uma turnê mundial e que eu tive a sorte de assistir em Mechelen, cidadezinha à 30 quilômetros de Bruxelas, e que continua sendo até hoje uma das minhas melhores lembranças musicais.
Joe Jackson lançaria ainda duas obras de arte, « Body and Soul » (1984) cuja capa se refere ao design daquelas dos jazzmen do final dos anos 50 (alguns talvez se lembrarão de You can get what you want -till you get what you want, Be my number two, Happy ending), e enfim « Big World » (1986) uma volta ao mundo musical gravada em uma tomada só, diante de um público voluntariamente silencioso para as necessidades da gravação.

Era a aurora do novo milênio, e Jackson sentiu a necessidade de retomar o formato pop, e de tocar novamente no palco com seus antigos músicos. Após uma sequência bem sombria de “Night and Day II”, ele se apresentou com Graham Maby e Gary Burke, sua fiel seção rítmica para um show em Nova York, “Summer in the city”, que apenas seria divulgado bem mais tarde. Este excelente show se baseou no seu antigo catálogo e nas reprises que ele apreciava muito. O resultado é prazeroso, e nos propõe até mesmo títulos de Duke Ellington, Beatles (Eleanor Rigby) ou Donald Fagen. O trio dispensa a guitarra e o piano de Jackson cobre todas as partes melódicas. Scary Monsters et Life on Mars? de Bowie também figura no seu repertório.
O resto da discografia de Joe é bastante incomum. Ela se divide entre vários álbuns ao vivo na mesma fórmula que “Summer in the city”, e álbuns inteiramente novos. Ele retoma o rock em “Volume 4”, “Rain” ou no último “Fast Forward” (2015), sem esquecer o soberbo “The Duke” (2012), dedicado a Duke Ellington, recebido mornamente pela crítica, como havia sido “Jumping Jive”. Agora, Joe acabou de lançar um album instrumental em parceria com Bill Bishop, "The Vey Best of the amaranth Sessions" que não ouvi a oportunidade de ouvir ainda.
A idade do artista não apaga seu sentido do swing, mas, mesmo se este humilde texto tem como objetivo prestar homenagem a um artista excepcional, a crítica tem o seu lugar, e eu lamento a produção musical dos últimos álbuns em estúdio, muito linear para o meu gosto. Mas Joe Jackson será para sempre um artista inglês (humor incluído!) que contará entre os 10 maiores, oriundo de uma tendência da qual, na verdade, ele não fazia parte em 1979.... Tudo isso pode ser descoberto nas plataformas de escuta, claro!
Discografia em estúdio escolhida pelo vosso humilde criado:
« Look sharp » (1979) « I’m the Man » (1979) “Jumping Jive” (1981) “Night and Day”(1982) “Body and soul” (1984) “Big World” (1986) “Blaze of glory” (1989) “Vol 4” (2004) “The Duke” (2012)
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