Iggy Pop & Paul Weller, o rock nao tem segredo para esses monstros
Que as profissões ligadas de perto ou de longe ao mercado da música não são mais as mesmas, é “chover no molhado”. Os profetas que possuíam óculos visionários que se projetavam cinquenta anos na frente (há dez anos), viam o progresso assim: “tudo mais pequenininho”, do tipo 500.000 músicas MP3 em um dedal de costura, e ei-los aqui sem entender nada com luvas brancas, manipulando com medo uma prato de queijos de 180 gramas, com 12 títulos. E eles se perguntam como é que a gente faz para eles rodarem.
E há até mesmo uma foto grande que cobre esse círculo negro, que na verdade se tornou multicolorido, tipo arco-íris. Até mesmo o Gênesis ou o Pink Floyd não pensaram em colorir seus vinis, mas o efeito dos cogumelos já tornava a vida multicolorida.
Duvido que Morrissey e Johnny Marr gostaram
Juro que quando fui contratado pela minha primeira revista (eu tinha 19 anos), achava que ir à uma discoteca depois dos 25 anos era um ato desesperado, e que formar um grupo depois dos 21 anos, já era reduzir a sua carreira para dois ou três anos. Afinal, The Beatles tinham inventado a pop de A à Z, e não tinham nem 30 anos quando se despediram cordialmente.
Eu disse « tudo mais pequenininho », « tudo mais rapidinho” (até a hora que a gente percebeu que uma faixa de 3 minutos continuaria a durar 3 minutos, caso alguns pensassem que a gente poderia ganhar tempo lendo o resumo de um disco, como na contracapa de um livro). E tudo mais jovem? Exceto que se não tivessem os vovôs do rock para encher os estádios, acho que teria uma enxurrada de falências.
É claro, aqueles que vendiam 2 milhões de singles, ou de CDs nos anos 80, reaparecem com uma cara estranha (maçãs do rosto vermelhas e lisas, lábios carnudos como os de peixes grandes, em suma, siliconados, mas os organizadores dos shows podem acender uma vela para o Santo Mc Cartney, o profeta Springsteen, ou para falar da boca da garoupa, Mick Jagger e suas pedras que rolam. Ninguém tinha pensado que quanto mais uma pedra rola, mais ela aumenta como uma bola de neve. E o pior, é que ele cospe suas tripas três horas no palco, com um potencial de 80% do que ele podia realizar há 40 anos. Pensando melhor, os sobreviventes dos anos 60 e 70 (não vale
a pena tapar o sol com a peneira, uma boa parte se queimou sob o efeito de substâncias incontroláveis), têm a dignidade de dar ao seu público um espetáculo digno deste nome, e digno do preço cobrado. E quando eu digo “seu público”, muitas vezes são os pirralhos de 14 anos, que eu cruzo na Galeria do rock de São Paulo, desfilando com suas camisetas AC/DC, Led Zeppelin, Iron Maden ou Black Sabbath. Enquanto que outros mais transados se tatuam o rosto jovial de Morrissey do Smiths (grupo da safra 84-87), ou de Iggy Pop (safra interminável de um barril sem fundo). Mas eu não reclamo !
Gosto desta retomada do vinil, e acho que tem lugar para qualquer suporte. E faço questão de temporizar a euforia de alguns, a venda do vinil é espetacular, mas isso apenas representa 2% do mercado. Os mais otimistas ousam pouquíssimo fazer esta afirmação, mas eles até mesmo apostam em uma próxima estagnação dos bolachões. Podemos imaginar um mundo musical feito de 75% de MP3 (o hambúrguer engolido muito rápido por falta de tempo), 15% de vinil (que reservaremos como um charuto cubano para horas ao lado de uma chaminé com um conhaque), para 10% dos CDs, (cientificamente, sempre o melhor suporte para o ouvido humano, sem desagradar ao chamado amante do som "suave e quente"). Um CD que esteja talvez colocando sua própria vida em jogo.. E como sempre, essas considerações sem interesse deveriam introduzir o assunto dos shows de verão na Europa, mas o leitor virtual é também um produto de progresso! Após 4 linhas ele boceja, e vosso servidor é um deles...
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