samedi 19 octobre 2019

«Bohemian Rhapsody» e «Rocket Man”, biopicos que fazem nascer outros




Sera que a biografia de Freddy Mercury levada no muito razoável filme «Bohemian Rhapsody» foi um gatilho, ainda que os biopicos musicais estejam em voga nestes últimos meses: Judie Garland, David Bowie (em negociação), Elvis Presley, e outros a serem filmados neste momento. É uma questão de gosto pessoal, mas raramente me surpreendi positivamente com o gênero principalmente nas telas. Tendo assistido a «Bohemian Rhapsody», há alguns meses, esperei para assistir a «Rocket Man», a biografia de Elton John, supervisionada por este último, para comparar dois ângulos do género cinematográfico. 


 cena do filme "Bohemian Rhapsody", Freddy Mercury (Rami Malek) em 1974

E, de facto, estamos perante duas abordagens diametralmente opostas de histórias de vida. Nas duas biografias, para os puristas, os erros são numerosos, mas esse é o mínimo dos problemas. Afinal de contas, tanto para um como para o outro, trata-se de filmes de consumo para os quais pouco importa saber se as canções são interpretadas na época certa. 


Rami Malek com os verdadeiros Brian May e Roger Taylor

Outro facto importante é o facto de que «Rocket Man» foi realizado durante a vida de Elton John, sob a sua direcção, enquanto «Bohemian Rhapsody» foi concebido 17 anos após a morte de Mercury, sob o olhar intransigente de Brian May e de Roger Taylor, guitarrista e baterista de Queen. Até lá, nada pode influenciar a qualidade dos filmes. 

Confesso que o desempenho do actor Rami Malek no papel de Freddy Mercury tem o mérito de ser de alguma moderação, e mesmo que a personagem não possua o carisma do mítico cantor de Queen, a performance reside na sua gestual no palco, impressionante no famoso palco do «Live Aid», que se impõe como o tempo forte de um filme que não procura ultrapassar um estilo bastante realista, centrada principalmente nas relações importantes que o compositor entrelaçou ao longo da sua vida com personagens que contarão para ele. 


 20 minutos que mudaram o  rumo de Mercury (aqui Rami Malek) no Live Aid de 1985

Os músicos atores seguiram também à letra os conselhos de May e Taylor, enquanto o baixista John Deacon não participou na elaboração do filme. Em resumo, para um público que não é suposto conhecer a vida do grupo, Bryan Singer conseguiu fazer uma biografia humana, sem abordar uma abordagem demasiado sofisticada. Se «Bohemian Rhapsodie» termina em 1985, antes da doença de Mercury, o realizador evita as inevitáveis cenas de pathos que teriam ocasionado a última linha reta do cantor atingido pelo aids. 
Ele preferiu terminar o biopic naqueles 20 minutos em Wembley, que foram de uma importância crucial para o grupo que estava começando a desintegrar-se. Foram necessárias estas 5 canções (visíveis no Youtube) para cimentar de novo as relações dos músicos e prolongar a vida da banda até à morte do cantor em 1992. 



«Rocket man», o biopic de Elton John do realizador Dexter Fletcher situa-se numa outra categoria. Se «Bohemian Rhapsody» se concentrava mais nos laços humanos que Mercury mantinha na sua vida privada, a biografia de Elton insiste (Taron Egerton no ecrã) na dificuldade de relacionar-se com a sua família, desde a sua juventude, mas narra sobretudo a dezena de anos em que o cantor perdeu o controlo da sua vida, perdido numa solidão, e se afogou em todos os tipos de substâncias destruidoras das quais conseguiu escapar. 

 Tager Egerton, ou Elton, depois de ter dominado o mundo pop, perde o controle da sua vida

Uma vitória que é simbolizada pela paródia do clipe de «I’m still standing», período de renascimento do compositor. De fato, a parte musical da vida de Elton passa para segundo plano, e as canções que formam a banda sonora baseiam-se no período 1972-1975, quando 5% do mercado do disco funcionava graças ao compositor de «Your song». Em sua autobiografia Elton escolheu a fórmula do musical, com sua dose voluntária de surrealismo, misturando alucinação e realidade, de acordo com o desejo do cantor. Os atores podem cantar a cada instante, combinando com o lado mais cinematográfico, mais glamouroso mas sem concessão, com o risco de se cansar ao fim de 90 minutos. 


 Elton John e seu companheiro, em Canne: apresentaçao de "Rocket Man", 2019

E, de fato, é isto que o espectador sente, na sequência de uma falta de referência no tempo, cenas repetitivas em que o artista se perde nos seus excessos, e, «happy end» (verdadeiro, dito) conseguido. No fim, reencontra a consciência do seu talento e o caminho da sua vida graças a uma abstinência ainda seguida nos nossos dias. Esta luta de dez anos, que Elton John finalmente derrotou, aparece como a sua verdadeira vitória na sua vida, como gosta de recordar em cada concerto como aquele que vi em Lille (França), há alguns meses. 

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